Quero escrever um borrao de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo ouro
com raios de traslucidez
Que não me entendam
pouco-se-me-dá
Nada tenho a perder
Jogo tudo na violencia
que sempre povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasganho as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito
O climax da minha vida será a morte
Quero escrever nações
sem o uso abusivos das palavras
Só me resta ficar nú
Nada tenho mais a perder
Clarice Lispector
1 comentários:
Nunca li nada da Clarice, mas este trecho é só mais uma razão que me é dada para fazê-lo em breve.
Abraços!
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