sexta-feira, 29 de maio de 2009

Entre a Luz e a Sombra


E, mesmo sendo uma pedra
Abandonada à beira de uma lagoa qualquer,
Elas três vieram
Como os seus renovados cachos-sementes.

Reuniram-se em torno de mim,
Mesmo sendo uma pedra,
E os sulcos das suas peles foram desaparecendo.
Círculos múltiplos de três
Redistribuindo os ciprestes, os frutos, as flores,
Frenéticas danças de histéricas relembradas diversas crianças.


Deixaram-me ainda à beira daquela lagoa,
Pois sou uma pedra,
Permaneço no contínuo espaço dos seus inevitáveis retornos.


Braços, inquebráveis extensões de bronze.
Pensamentos, pedestais de móveis armaduras.


Uma visão anunciava o findar da infância. Olhos azuis
Da cor do céu entoavam melódicas canções em inglês,
Blue eyes. Baby-sky. Blue eyes. Coração contraído. Nós
Inventados: paixão e insegurança (portas da poesia).
Um sábio de Riachuelo, com um estilo antigo, comovia.
Eu, um homem tentando ser santo sem ter sido José;
Aracaju emprestando cores às crianças anacrônicas.

Perguntará se isto deformado é você
(Seus amigos a suspender páginas em seu caminho),
Se isso foi seu
(Sua filha a reclamar abrigos no escuro dos bosques),
Se algum dia aquilo já lhe pertencera
(Seus amantes voltando a ativar antigas luas presenciadas).

Armo fúnebres poços de querosene.
Os seus famintos ímpetos por chegar a mim
Ou em me negar
São a mordida atordoante e ardente do meu desejo.
Pois a pedra fora tudo,
E também seria a chave da Passagem.
  • Stumble This
  • Fav This With Technorati
  • Add To Del.icio.us
  • Digg This
  • Add To Facebook
  • Add To Yahoo

0 comentários:

 
Copyright 2010 Meu Ponto